O que realmente aconteceu com as Lojas Americanas.

O que realmente aconteceu com as Lojas Americanas.

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Entenda toda polêmica envolvendo a empresa e o que esperar do futuro. 

Fachada da loja americanas
Fachada da loja americanas

Após o escândalo de Fraude nas Lojas As americanas, a empresa já fechou dezenas de lojas, demitiu milhares de funcionários e perdeu milhões de clientes em pouco mais de 6 meses em 2023.

As ações da empresa despencaram na bolsa de valores.

Funcionários temem que o pior aconteça a qualquer momento. São milhares de funcionários e pequenos fornecedores que dependem da empresa.

As Lojas Americanas é uma das empresas mais conhecidas e tradicionais do ramo do varejo e a primeira opção para milhões de consumidores no Brasil.

Até a fraude ser descoberta, a empresa era um grande império, um verdadeiro ícone do sucesso.

Engana-se que esse império é apenas das lojas américas, o que está em jogo é uma dezena de empresas do grupo, que todas podem desaparecer.

Até 2015, a empresa era a quarta maior empresa varejista do país. Contudo, tudo está virando pó, por contas do escândalo contábil

O início de tudo

Fundada em 1929 no Rio de Janeiro pelo austríaco Max Landesmann e pelos americanos John Lee, Glen Matson, James Marshall e Batson Borger.

A ideia inicial era lançar uma loja com preços baixos, um modelo que já fazia sucesso nos Estados Unidos e na Europa. Assim, em 1929 inaugurava a primeira Lojas Americanas, em Niterói, Rio De janeiro. Com o slogan “Nada além de 2 mil réis”.

Após 1 ano, já eram quatro lojas: três no Rio e uma em São Paulo. Em 1940, a Lojas Americanas tornou-se uma sociedade anônima, ou seja, um SA.

Em 1982 Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, então donos do banco Garantia, tornaram-se sócios e controladores da empresa.

Em 2003 houve aceleração da expansão da empresa, com a abertura de diversas lojas. No mesmo ano surgiu as lojas “Americanas Express”, com um conceito de loja menor em bairros. Em 2004 foram abertas 34 lojas.

Já em 2005 mais 37 lojas foram abertas. Ainda em 2005 a empresa comprou o site Shoptime e criou junto com o banco Itaú, a financeira Americanas Taií.

Já em 2006 a empresa abriu 45 novas lojas e comprou o tradicional site de comercio eletrônico Submarino. Tornando-se assim, a terceira maior empresa do setor de varejo no mundo. Um feito em tanto.

Em 2007 as lojas americanas compraram a rede Blockbuster, que na época era a maior cadeia de vídeo locadoras do Brasil.

Em 2011 Lançou o site Sou barato, que vendia produtos reembalados.

Já em 2019 a empresa abriu escritório na china para coordenar as vendas de produtos importados da china em seu site.

A empresa já foi dona do site Ingressos.com, além do Submarinos viagens, que posteriormente foi vendido para o grupo CVC.  E já possuiu 22 centros de distribuição espalhados pelo país.

Antes da Crise, o grupo era dono das Lojas de Conveniência Local, A rede LojasDigital, o aplicativo AME, o Submarino, o Shoptime e o sou Barato, A rede Vem Conveniência, as lojas e marca de roupas Puket, a loja de presentes criativos Imaginarium, a loja virtual de decoração MindD, Lovebrands (multimarcas) e a Hortifruti Natural da Terra.

Ou seja, o negócio andava a pleno vapor e chegou a possuir mais de 1700 lojas somente das americanas, fora das outras marcas do grupo.

O patrimônio líquido da Americanas chegou a R$14,7 bilhões de reais, a empresa chegou a ter mais 48.000 empregados diretos.

Site das lojas Americanas visto por uma lupa.
Site das lojas Americanas visto por uma lupa.

O início da queda

A queda começou após o ex-presidente da empresa Sergio Rial emitir um comunicado ao mercado em que revelava a existência de R$ 20 bilhões em “inconsistência contábeis” no balanço da empresa.

Após a divulgação do fato, o diretor executivo e o diretor financeiro da empresa pediram demissão, depois de apenas nove dias no cargo.

A ação da empresa chegou a cair 90% durante o pregão da Bovespa do dia seguinte.

O ex-presidente Sérgio Rial disse que o rombo se deu por “inconsistências no balanço da empresa” e que não teria começado em 2023, e que talvez a fraude vinha ocorrendo por “por cerca de 7 a 9 anos”.

Segundo Rial, pagamentos a fornecedores eram antecipados contraindo dívida com bancos, mas não eram contabilizadas como dívida bancária, o que aumentaria o lucro contábil de forma artificial e ilegal.

A Americanas entrou em recuperação judicial no dia 19 de janeiro de 2023, com dívidas da ordem de R$ 43 bilhões de reais, isso mesmo, 43 bilhões.

Apenas no dia 13 de junho, portanto cinco meses depois do escândalo, as lojas Americanas assumiram que realmente houve uma fraude no balanço.

Relatório elaborado por assessores jurídicos que acompanham a empresa informou que as demonstrações financeiras da varejista vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior.

A pergunta que o mercado fez foi:

“As Lojas Americanas, seus donos, diretores sabiam do que estava ocorrendo?”

Há especialistas que acredita que sim, pois 2 meses antes do escândalo estourar ,os diretores da empresas venderam R$ 244 milhões reais em ações da empresa.

Cabe ressaltar que antes da notícia vazar o valor da ação chegou a 21 reais e 10 centavos em 07/10/2022, ou seja, 2 meses antes de tudo ocorrer.

A ação chegou a valer apenas 0,70 centavos no dia posterior da divulgação da fraude.

A venda de ações pelos diretores 2 meses antes, indica que os sócios majoritários e controladores das Americanas, tinham alguma noção do que estava acontecendo na empresa.

Isso indica que quem vendeu sabia que a notícia iria se espalhar e vendeu as ações antes para não perder dinheiro.

Essa tese é defendida por Pedro Menin, especialista em mercado financeiro e sócio-fundador da Quantzed que em entrevista ao o Globo declarou:

“A diretoria vendeu muitos papéis da própria empresa. Isso nos faz crer que era algo que sabiam e não reportaram.”

Em momento Pedro Menin afirma:

“Diretores das Americanas nunca venderam ações nesse padrão. É no mínimo, muito estranho”.

Esse tipo de operação financeira é chamado de “insider trading” e é crime no brasil.

Insider trade é quando alguém compra ou vende ações possuindo alguma informação privilegiada.

Outro ponto a destacar é que o presidente que descobriu e divulgou a fraude assumiu a presidência no dia 1 de janeiro de 2023, ou seja, apenas 10 dias antes dele divulgar o rombo.

A cronologia dos fatos foi: 1) a diretoria e o presidente anterior venderam suas ações em outubro de 2022, 2) eles foram demitidos no final de dezembro, 3) O novo presidente assumiu em 01/01/2023 e em apenas 10 dias descobriu o que estava acontecendo e resolver divulgar para a imprensa e o mercado. 4) Rialpediu demissão um dia depois de divulgar a fraude, ficando assim apenas 11 dias na empresa.

Homem cabeça baixa e mãos no rosto
Foto de Andrea Piacquadio

Prejuízos para todos os lados

As americanas devem quase 1 bilhão de reais para mais de 6 mil micro e pequenas empresas que eram fornecedoras de produtos ou serviços.

Entre esses, há 441 pequenas empresas que tem a receber, valores entre 1 mil e R$ 50 mil reais, isto é, são empresas bem pequenas.

As Americanas propuseram pagar apenas as dívidas de fornecedores cujo valor não ultrapasse R$ 12 mil. Aos fornecedores que devem mais do que isso, a varejista propõe algumas alternativas.

A primeira é aceitar receber apenas R$ 12 mil, independentemente do valor do dívida, o valor que será pago em até 30 dias. Caso não aceite, a segunda opção para o fornecedor é receber apenas 50% do total da dívida e receber a metade disso em 48 meses.

A última opção é o pagamento de forma integral em até 360 dias após a aprovação da recuperação judicial. Mas em caso de falência o fornecedor não recebe nada.

Para piorar, essa condição só será válida para os “fornecedores colaboradores” – que seriam aqueles que continuarem vendendo seus produtos e serviços para a Americanas nas mesmas condições de preço e prazo praticadas antes de a empresa tornar público o rombo.

Dessa forma, se o fornecedor não continuar vendendo para as americanas, não entrariam no acordo.

Os pequenos acionistas também sofreram. Quem tinha ações da empresa viu seu patrimônio diminuir em até 90%, um dia depois de tudo vim à tona.

Veja da lista de empresa que as Americanas mais devem dinheiro:

Para o Deutsche Bank, banco alemão, as americanas devem 5,2 bilhões de reais.

Bradesco 5,15 bilhões

Santander 3,64 bilhões

Banco BTG 3,51 bilhões

Itaú 3,04 bilhões

Banco Safra 2,52 bilhões

Banco do Brasil 1,3 bilhão

Samsung 1,2 Bilhão

Nestlé mais de 259 milhões

BV financeira R$ 206,8 milhões

Google 94 milhões

Apple 98 milhões

Facebook 11 milhões

Semp Toshiba 70 milhões

LG 52,8 milhões

Lenovo 31 milhões, dentre outros.

O banco BTG foi o mais agressivo na cobrança da dívida, o banco chegou a conseguir na justiça, por meio de liminar, o bloqueio de 1,2 bilhão das contas das Americanas.

A liminar caiu logo depois e o banco não conseguiu sacar o dinheiro.

Quem eram os donos desse império?

A empresa era controlada pelos empresários brasileiros: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.

A família Lemann tem suas origens na Suíça. Seu pai era Dono dos laticínios Leco.

Juntos os 3 sócios são donos de outros impérios. A exemplo, da Ambev, que é dona de diversas marcas de cerveja, como Brahma, Antarctica, Bohemia, Budweiser, Caracu, Miller, Original, Quilmes, Skol, Stella Artois, Spaten.

Além das bebidas H2OH, SODA, Sukita, Pepsi, Citrus, Sucos do Bem, Gatorate, Lipton, Energetico Fusion.

Homem com cara de duvida
Imagem de Tumisu por Pixabay

Situação atual

Depois do escândalo, as americanas já fecharam 43 lojas, somente até 18 de junho de 2023 e demitiu mais de 5 mil funcionários.

A empresa completará 100 anos em 2029, isso se não falir.

A dívida atual da empresa passa dos 41 bilhões de reais, para 16 mil e 300 empresas.

Alguns especialistas consideram que esse valor de dívida é impagável.

 

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